Ethereum se tornou menos descentralizado após alta na demanda por staking, diz JPMorgan

Staking liquido da Ethereum e seus efeitos colaterais de centralização.

A rede Ethereum, amplamente reconhecida por sua descentralização e escalabilidade inovadora, pode enfrentar um desafio inesperado. Segundo um recente relatório da JPMorgan, a rede tornou-se consideravelmente mais centralizada após um aumento significativo na demanda por staking.

O aumento do interesse em staking

Em setembro de 2022, o Ethereum passou por uma atualização significativa, o “The Merge”, que marcou a transição da rede do mecanismo Proof of Work para o Proof of Stake. Esta mudança permitiu que os usuários fizessem stake dos seus Ether’s, deixando-os travados na rede em troca de rentabilidade. A subsequente atualização de Shanghai-Capella, em abril, permitiu o reinvestimento dos tokens, resultando em um aumento expressivo na demanda por staking. 

A tendência de alta na demanda por staking começou a ficar evidente em agosto deste ano, quando já observamos sinais claros de um crescente interesse em staking, comprovado com dados abordados por mim nesta análise.

O efeito colateral do PoS e do Staking Liquido

De acordo com os analistas da JPMorgan, liderados por Nikolaos Panigirtzoglou, o mecanismo de consenso PoS tem um efeito colateral quase inevitável: a crescente centralização do ativo. Na rede Ethereum, dados do Dune Analytics confirmam que os principais contribuintes para o crescimento do staking são os provedores de staking líquido, que permite que os usuários continuem tendo a capacidade de mover seus tokens alocados, como o protocolo Lido. Como consequência direta dessa vantagem, a Lido controla cerca de 30% dos Ethereum em stake. Além disso, 50% desses Ethereums estão concentrados entre os cinco principais provedores de staking liquido.

Fonte: https://dune.com/queries/2394100/3928083 “ETH Stakers Ordered by Amount Staked”

Além da centralização, a JPMorgan apontou um risco adicional ligado ao crescimento do staking líquido: a prática de rehipoteca. Simplificando, essa prática envolve o uso de tokens de liquidez como garantia em diversos protocolos financeiros descentralizados (DeFi) simultaneamente. Se, por algum motivo, o valor desse ativo garantido cair drasticamente, for comprometido por um ataque ou enfrentar penalizações devido a falhas no sistema, enfrentariamos um efeito dominó de liquidações, que afetariam outros ativos além do em questão.

O problema da centralização

A centralização, em qualquer rede descentralizada, é uma preocupação. Provedores de liquidez ou stakers geograficamente próximos tornam a rede vulnerável, pois representam grande parte da rede em um unico local. Eles podem se tornar alvos para ataques. Além disso, um grupo desses pode se juntar e conseguir unir uma parcela significativa do poder de governança de uma rede, assim podendo promover seus próprios interesses em detrimento da comunidade. 

Em resumo, enquanto o Ethereum continua a ser uma das principais redes blockchain, os recentes desenvolvimentos em torno do staking levantaram questões sobre sua descentralização. À medida que a rede evolui, será crucial abordar essas preocupações para garantir sua integridade e confiabilidade a longo prazo.

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